quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Ciclo de Cinema Brasileiro

Neste fim de ano, preparamos o Ciclo de Cinema Brasileiro; o melhor das nossas produções! 
O primeiro filme da saga foi "Amarelo Manga" um conceituado longa que agradou nosso público em cheio! O segundo filme é "Cinema, Aspirinas e Urubus", comparecam e tragam seus amigos. As sessões sempre acontecem no Auditório da Escola Normal Superior-UEA,18h





Dando continuidade ao nosso ciclo de cinema brasileiro, esta semana teremos Cinema, Aspirinas e Urubus! Venha e aprecie o filme indicado em 2007 ao Oscar como Melhor Filme em Língua Estrangeira!

Sinopse:Em 1942, no meio do sertão nordestino, dois homens vindos de mundos diferentes se encontram. Um deles é Johann (Peter Ketnath), alemão fugido da 2ª Guerra Mundial, que dirige um caminhão e vende aspirinas pelo interior do país. O outro é Ranulpho (João Miguel), um homem simples que sempre viveu no sertão e que, após ganhar uma carona de Johann, passa a trabalhar para ele como ajudante. Viajando de povoado em povoado, a dupla exibe filmes promocionais sobre o remédio "milagroso" para pessoas que jamais tiveram a oportunidade de ir ao cinema. Aos poucos surge entre eles uma forte amizade.

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Sessão Cine Vídeo UEA - O Porteiro da Noite



Preparem-se!
Na próxima sessão (25/10) teremos "O Porteiro da Noite" um filme de Liliana Cavani! Venha, traga seus amigos e pipoca!
Local: UEA- ENS (Djalma Batista, 2470) às 18h




Sinopse: Trinta anos após a Segunda Guerra Mundial, uma sobrevivente de um campo de concentração e seu torturador, atualmente um porteiro noturno de um hotel em Viena, encontram-se novamente e revivem o seu relacionamento sadomasoquista.Para encobrir seu passado vergonhoso, Max trabalha obsessivamente como porteiro noturno de um hotel, onde seu objetivo é recepcionar os convidados e ajudá-los no que precisarem. Nesse ambiente, onde impera a nostalgia pelo Führer, surge a única testemunha que pode denunciá-los – a jovem vítima vienense que agora é casada com um músico americano. Max, que abusava sexualmente da garota, fica novamente obcecado por ela e pelo relacionamento que tiveram. Porém, eles se vêem irremediavelmente separados por causa do passado negro que compartilham e do aparente perigo representado pelos fanáticos e sanguinários comparsas nazistas de Max, Klaus e Hans.

Utilizando temas perturbadores, além de um esclarecimento moral ambíguo no final, o filme tende a dividir opiniões. Talvez por isso, "O porteiro da noite" seja o filme por qual Cavani seja mais conhecida.

domingo, 7 de outubro de 2012

INTOCÁVEIS



Não pudemos exibir o filme INTOCÁVEIS no dia em que estava
programado, pois o auditório estava ocupado (indevidamente). Mas vamos exibi-lo no DIA 11 DE OUTUBRO, às 18 horas, no
AUDITÓRIO DA ENS.
Com direção e roteiro de Olivier Nakache e Eric Toledano e baseado no livro de  Philllipe Bozo, apresenta o embate entre duas culturas: a aristocracia francesa e  o migrante senegalês.  Um milionário francês, após  um acidente, fica tetraplégico e precisa contratar um assistente pessoal. Escolhe um ex-presidiário, negro e morador  de um gueto parisiense. Cria-se entre eles uma (improvável) amizade.
A sintonia entre os atores, François Cluzet (o aristocrata) e Omar Sy ( o cuidador) é  o ponto alto do filme. Dessa forma, a narrativa articula os contrastes, negro x branco, rico x pobre, clássico x moderno,  extraindo  o humor das desigualdades.

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Cine Vídeo UEA no II Seminário de Letras e Artes

Nos dias 4 e 5 de outubro o Cine Vídeo UEA Cosme Alves Netto estará participando do II Seminário de Letras e Artes com ênfase em Literatura e Cinema.

Segue a programação:

Dia 04 de outubro de 2012.
Manhã: Local: ESAT/UEA
9h – credenciamento – secretaria do PPGLA - ESAT
10h – abertura
10h-12h - Prof. Dr. Maged El Gebaly (Universidade AinShams - Cairo) - Palestra sobre tema relativo à transposição/tradução livro-filme.
Debatedor: Dr. Mauricio Matos (UEA)

Noite: Local: Auditório da ENS/UEA
18h-21h30 - Exibição do filme "O Destino"
Comentário crítico: Dr. Maged El Gebaly
Debatedora: Berenice Carvalho

Dia 05 de outubro de 2012.
Manhã e Noite: Local: Auditório da ENS/UEA
8h – 9h - Prof. Berenice Carvalho -  "Nas Asas da Tradução"
Debatedora: Michelle Marques de Moraes
9h - 12h -Exibição de filme "Edifício de Yaqubian", uma adaptação do romance homônimo do escritor egípcio AlaaAl-Aswani (traduzido por Paulo Daniel Farah, Cia das Letras). Tempo: 160 minutos.
Comentário crítico: Dr. Maged El Gebaly
Debatedora: Dra. Juciane Cavalheiro

Encerramento:
18h-21h  - "Na nossa casa há um homem", inspirado no romance de Yusuf Idris. Tempo: 130 minutos.
Comentário crítico: Dr. Maged El Gebaly
Debatedor: Dr. Allison Leão.









segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Buscando a Verdade

Após um breve recesso durante o mês de julho, o Cine Vídeo UEA - Cosme Alves Netto tem o prazer de anunciar que retomará normalmente suas atividades em agosto com mais um ciclo de produções cinematográficas. Trata-se do Ciclo do Cinema Argentino. Portanto, exibiremos:  A História Oficial (1985), de Luis Puenzo; Um Conto Chinês (2011), de Sebastián Borensztein, e O Segredo dos Seus Olhos (2009), de Juan José Campanella. Objetivamos, assim, oferecer um maior espaço a produções latino-americanas como as produzidas na Argentina.

O filme de abertura do ciclo, A História Oficial, foi o primeiro argentino a vencer o Oscar de melhor filme estrangeiro. Luis Puenzo nos traz, então, a históra de Alícia, uma professora de história que vive na Buenos Aires de 1985, após a severa ditadura militar argentina. Em meio a um país em reconstrução, Alícia passa a desconfiar das verdadeiras origens de sua filha, ao mesmo tempo em que descobre os horrores aos quais eram submetidos os opositores políticos do regime ditatorial. Seu drama familiar parece, portanto, estar inserido em uma esfera muito além do que podia imaginar.

Essa esfera política a que se reporta o filme obviamente não ocupa o plano principal da obra de Puenzo. No entanto, ela permeia a história da protagonista de forma tão significante que não se pode ignorar o panorama histórico-político no qual a trama se insere. O filme chega a mostrar a famosa manifestação das Mães da Praça de Maio, protesto que clamava ao governo que os desaparecidos durante a ditadura fossem devolvidaos as suas famílias. Embora não tenha participado da demonstração, Alícia lança seu agudo olhar de conhecedora da história sobre os eventos que se desenrolam diante de si, assim levando junto consigo o espectador na sua jornada de revelação de uma das páginas mais dolorosas do passado argentino.


Talvez o maior mérito de A História Oficial seja justamente esse. Sente-se que a busca de Alícia é a própria busca do povo argentino por reunir os pedaços e remediar as tragédias deixados pela severa ditadura militar pela qual o país passou. Muito longe de revelar graficamente o horror do totalitarismo, Luis Puenzo optou por um caminho mais sutil e decidiu mostrar de que forma duros regimes como aquele podem interferir tão fortemente no cotidiano de cada cidadão: fragilizando-os no seio de sua própria família.

terça-feira, 14 de agosto de 2012

Novo Ciclo em Agosto

Após um breve recesso durante o mês de julho, o Cine Vídeo Cosme Alves Netto tem o prazer de anunciar que retomará suas atividades normalmente neste mês de agosto para mais um semestre de exibições de grandes obras fílmicas que, infelizmente, não contam com uma grande divulgação junto aos mecanismos de promoção cultural, ou mesmo junto às grandes redes de cinema das quais a cidade dispõe. Nesse sentido, anunciamos para este mês o Ciclo do Cinema Argentino. Confira abaixo nosso cartaz promocional e os filmes a serem exibidos em nossas sessões. Não deixe de participar!


terça-feira, 3 de julho de 2012

Fim de Semestre

O Cine Vídeo UEA - Cosme Alves Netto encerrou mais um ciclo na última quinta-feira, 28. Foi o Ciclo de Documentários Amazônicos, no qual buscamos destacar certos aspectos culturais da nossa região através da exibição de filmes e de debates liderados por respeitados intelectuais.

No dia 20 de junho, no entanto, realizamos uma programação fora deste ciclo. A convite de membros da própria comunidade, tivemos o prazer de visitar a Colônia Antônio Aleixo. Lá fizemos a exibição do longa metragem brasileiro, dirigido por Guel Arraes, Lisbela e o Prisioneiro. Pudemos, assim, entrar em contato com pessoas que não frequentam normalmente nossas sessões realizadas na Escola Normal Superior e, portanto, levar o projeto de extensão a um nível mais desejável, ou seja, alcançar a população de forma  mais direta. Esperamos, eventualmente, poder retornar à comunidade e realizar mais exibições.



No dia seguinte, 21, retornamos com a programação do ciclo e apresentamos o documentário Amazônia, Heranças de uma Utopia, de Ricardo Favilla e Alexandre Favilla. Não tivemos, no entanto, a presença do escritor Márcio Souza, que teve problemas de ordem pessoal. Já na quinta-feira seguinte, 28, os filmes exibidos foram Promessa e Jorge, respectivamente de Zeudi Souza e Dheik Praia, que estiveram presentes na sessão para a discussão dos temas propostos em suas obras.

O Cine Vídeo UEA - Cosme Alves Netto completa, assim, o primeiro semestre de 2012 com mais ciclos que procuram evidenciar obras cinematográficas de pouca circulação na cidade. Agradecemos imensamente a todos que compareceram às sessões e aproveitamos a oportunidade para renovar o convite para as próximas. Estaremos de volta em agosto com mais filmes!

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Ciclo de Documentários Amazônicos

Após o Ciclo Oriente-se do mês de maio, no qual exibimos produções provenientes do Irã e de Israel, o Cine Vídeo Cosme Alves Netto vem em junho com o intuito de lançar um olhar mais reflexivo sobre a nossa região amazônica e suas idiossincrasias. Para isso, a proposta do mês é realizar o Ciclo de Documentários Amazônicos. Além disso, após estas exibições filmícas, contaremos com a presença de convidados especiais que liderarão o debate sobre os filmes, os temas tratados e quaisquer outras perguntas que porventura surjam.

Na quinta-feira passada, 14, tivemos o prazer de exibir dois documentários. O primeiro foi Ribeirinhos do Asfalto, de Jorane Castro, um DocFic que conta a história de Rosa (Dira Paes), habitante da Ilha do Combu, a qual, mesmo a contragosto do marido, decide levar sua filha para Belém para que esta lá consiga bons estudos. O segundo foi Chama Verequete, de Luiz Arnaldo Campos e Rogério Parreira, o qual nos conta sobre Mestre Verequete, figura importantíssima da história do Carimbó no Pará. Após estas exibições, então, realizamos os debates sobre os temas ali tratados através da mediação do nosso convidado especial, o poeta amazonense Aldísio Filgueiras.



Nesta semana, quinta-feira, 21, o documentário a ser exibido se chama Amazônia, Heranças de Uma Utopia, de Ricardo Favilla e Alexandre Valenti, o qual tem como enfoque as diferentes faces das múltiplas tentativas de colonização pela qual passou a nossa região no século passado. Em seguida, convidamos o renomado escritor amazonense Márcio Souza para liderar o debate acerca do tema e responder a quaisquer questionamentos pertinentes.

Buscamos, portanto, com este ciclo, retomar a discussão acerca dos mais variados aspectos da região amazônica, assim contribuindo para que nós, seus próprios habitantes, tenhamos dela uma maior consciência e de fato possamos direcionar nossas ações a fim de resguardá-la. Convidamos, então, a todos para nossas sessões, sempre realizadas nas quintas-feiras, às 18h, na Sala Maria de Nazareth Xavier da UEA - Escola Normal Superior, Avenida Djalma Batista, 2470. Não deixe de participar.

terça-feira, 22 de maio de 2012

A Visita da Banda

Neste mês de maio o Cine Vídeo UEA - Cosme Alves Netto vem realizando mais um ciclo de filmes, intitulado Oriente-se. Este tem o objetivo de dar maior visibilidade a obras provenientes do Oriente Médio ou até mesmo apresentá-las a nós espectadores ocidentais. Os primeiros filmes exibidos nas semanas iniciais do mês foram, respectivamente, A Separação (2011), de Asghar Farhadi, e Gosto de Cereja (1997), de Abbas Kiarostami. Na semana passada não realizamos nenhuma exibição de acordo com este ciclo, pois apoiamos o III Colóquio Internacional Poéticas do Imaginário com a mostra de documentários acerca da Amazônia. O evento aconteceu na UEA nos dias 16, 17 e 18. Nesta quinta-feira, no entanto, retornamos com a nossa programação normal ao exibirmos A Banda (2007), do israelense Eran Kolirin.

O longa trata da chegada a Israel de uma pequena banda da polícia egípcia, convidada para tocar em um evento promovido pelas autoridades do Egito no local. Após uma falha de comunicação, contudo, o grupo de músicos acaba chegando a uma pequena cidade no meio do deserto, onde as circunstâncias os forçam a lá pernoitarem. Assim, conhecem alguns dos moradores locais e se deparam com as diferentes vidas daqueles cidadãos israelenses. A Banda era a escolha inicial de Israel para concorrer ao Oscar de melhor filme estrangeiro na época de seu lançamento, mas foi rejeitado pela Academia por ter mais da metade dos seus diálogos em língua inglesa. Ainda assim, o filme recebeu diversos prêmios em Israel e em outros países, tanto como melhor filme, quanto melhor ator, atriz, diretor, entre outros.

Eran Kolirin, através de sequências que mais parecem fotografias, nos coloca diante de duas culturas que se encontram no inusitado cenário de uma cidadezinha no meio do deserto de Negev. O que vemos não é exatamente um choque de culturas, pois não surgem de fato grandes impasses dessa aproximação. O que há é um olhar para o outro e ultimamente um olhar para o eu. Isso se evidencia na ótima interpretação de Ronit Elkabetz, na personagem de Dina, a dona do restaurante que acolhe dois dos membros da banda. Dina, que vive só em seu apartamento, dialoga com o maestro da banda e revela muitas de suas frustrações e aspirações a este reservado estrangeiro. De forma análoga, os outros membros da banda também tocam a vida dos moradores locais de formas que nem imaginam e vice-versa.


A Banda torna-se, assim, uma valiosa obra que lida com aspectos muito atuais da maneira em que o estar no mundo se dá hoje. Seu valor encontra-se justamente nesse encontro de realidades distintas que podem ter influências positivas ou simplesmente despertar uma nova forma de enxergar a nossa própria realidade de um ponto de vista diferente. Portanto, não deixe de prestigiar uma obra tão instigante quanto essa nesta quinta-feira, 24, às 18h na Sala Maria de Nazareth Xavier, na UEA - Escola Normal Superior, Avenida Djalma Batista, 2470. Contamos com a sua presença!

terça-feira, 15 de maio de 2012

O Sabor da Vida

Após a exibição de A Separação, de Asghar Farhadi, na primeira quinta-feira do mês; tivemos o prazer de exibir, no último dia 10, Gosto de Cereja (1997), um filme de Abbas Kiarostami. Ambos os títulos se inserem na programação do mês de maio planejada pelo Cine Vídeo Cosme Alves Netto. Trata-se do Ciclo Oriente-se, durante o qual exibimos essas duas produções iranianas e ainda exibiremos duas israelenses. Objetivamos, assim, dar mais destaque a obras produzidas no Oriente Médio, as quais raramente chegam ao nosso conhecimento.

Gosto de Cereja nos traz a história do Sr. Badii, que dirige seu carro pelos subúrbios de Teerã, a capital iraniana, em busca de alguém disposto a ajudá-lo em uma tarefa bastante incomum: enterrá-lo após seu suicídio. Badii encontra-se, então, com uma série de diferentes homens, de distintas crenças e necessidades, e é obrigado a se confrontar com seus motivos suicidas e até mesmo testar a sua força de vontade. Abbas Kiarostami nos põe diante, portanto, de uma delicada história cheia de diálogos significativos e motivos incertos.

Mais uma vez somos forçados a repensar nosso modo de vida ocidental diante de uma obra iraniana como essa. Em meio a um ambiente árido, presente na totalidade do longa, acompanhamos a partir do banco do passageiro a jornada do protagonista em busca de alguém necessitado o bastante para ser cúmplice de um atentado à vida. A religião, então, se faz muito presente e perpassa o discurso de todos os personagens com os quais Badii se depara. Mesmo nos subúrbios desérticos e miseráveis de Teerã, ele não consegue encontrar alguém disposto a deixar sua crença de lado para ser parte de um dos maiores pecados que se pode cometer sob aquela religião, ainda que a recompensa seja uma vultuosa quantia em dinheiro. Portanto, podemos constatar a hierarquia de valores oriental, que parece diferir, nesses aspectos, da nossa ocidental.


O diretor ainda nos dá a liberdade da especulação em alguns momentos. Durante toda a sua trajetória, o Sr. Badii nunca revela a seus possíveis ajudantes o verdadeiro motivo pelo qual deseja terminar sua vida. Percebemos apenas a determinação do protagonista em dar um fim ao seu sofrimento. Talvez essa proposital lacuna deixada pelo roteiro nos diga que muito mais importante que conhecer seus motivos suicidas é saber as razões pelas quais ele talvez não devesse cometer o suicídio; as razões pelas quais ele deve continuar a viver e a voltar a "sentir o gosto da cereja". Finalmente, temos um final aberto que pode confirmar essa suspeita. Apesar da aridez e da morbidez, o filme de Kiarostami é muito mais um filme sobre a vida e sobre o porquê de cultivá-la. 

quarta-feira, 9 de maio de 2012

As Separações


Após os Destaques de 2011, exibidos durante o mês de abril, o Cine Vídeo Cosme Alves Netto inicia mais um novo ciclo, intitulado Oriente-se, que conta com duas produções iranianas e duas produções israelenses. O objetivo da iniciativa é dar um maior enfoque a títulos provenientes do Oriente Médio, pouco divulgados na Europa e na América. Dessa forma, o ciclo foi inaugurado na última quinta-feira, 9, com o filme de Asghar Farhadi, A Separação, vencedor do Oscar de melhor filme estrangeiro em 2012.

O longa trata da difícil relação entre o casal de classe média formado por Nader e Simin. Simin deseja deixar o país e criar a filha sob melhores condições, mas Nader prefere permancer no Irã, pois precisa tomar conta de seu pai, que sofre do mal de Alzheimer. O relacionamento entre os dois piora, contudo, quando Nader se vê envolvido em um complicado processo criminal contra uma empregada que contratara para cuidar do pai. Diante disso, o casal se depara com um impasse ainda mais sério que pode por um fim definitivo em seu casamento.

A Separação é uma importante obra que nos oferece um vislumbre da situação atual do Irã, especialmente aos nossos olhos ocidentais. Ela toca em diversas questões, desde as familiares até as jurídicas. Os problemas entre o casal são em última instância uma denúncia ao modo de vida iraniano. Embora nunca entre em detalhes, Simin claramente busca fugir de uma sociedade opressora às mulheres em comparação aos padrões ocidentais. A questão religiosa, da mesma forma, é questionada na figura da empregada, preocupada até mesmo com a possibilidade de que o fato de ter ajudado um senhor doente a se trocar fosse pecado. Por fim, até mesmo o direito iraniano é posto em questão, pois as grandes disputas do filme giram em sua maior parte em torno das futuras decisões da justiça.


Asghar Farhadi, enfrentando a forte censura de seu país, nos põe diante, portanto, de uma intrincada história. Ao longo do filme, as relações familiares e sociais apenas se complicam. Não somos postos diante de respostas fáceis aos conflitos. Pelo contrário, não sabemos em que lado ficamos, pois as personagens são tão bem construídas e tão complexas que já não se pode mais apontar uma que esteja coberta de razão, tal qual a vida real. Nesse sentido, o diretor sabe explorar bem seu telespectador e encerra sua obra com um final aberto, cabendo, assim, a nós tirarmos nossas próprias conclusões.

quarta-feira, 2 de maio de 2012

Ciclo de Maio: Oriente-se


Criado a partir da iniciativa de professoras e alunos da Escola Normal Superior, o projeto Cine Vídeo UEA - Cosme Alves Netto teve início em setembro de 2011. Nossas atividades envolvem a exibição semanal de filmes que estão fora do circuito mais comercial, servindo, portanto, como uma alternativa às grandes redes de cinema da cidade, as quais, em geral, dão maior preferência aos filmes americanos de alto orçamento. Trabalhando através de ciclos mensais temáticos, o projeto busca, assim, oferecer ao grande público acesso a obras cinematográficas de maior valor cultural.

Neste ano, já oficialmente aprovado como projeto de extensão da UEA, o Cine Vídeo retornou em março com o Ciclo do Metacinema e em abril com o Ciclo de Destaques de 2011. Neste mês de maio, portanto, inicia-se um novo ciclo, intitulado Oriente-se, que conta com duas produções iranianas e duas produções israelenses. O objetivo da iniciativa é dar um maior enfoque a títulos provenientes do Oriente Médio, pouco divulgados na Europa e na América. A programação é a seguinte:


As exibições terão entrada gratuita e ocorrerão em todas as quintas-feiras do mês (exceto a do dia 17), às 18h, na Sala Maria de Nazareth Xavier na Escola Normal Superior. Para mais informações, acesse nossa página no Facebook. Não deixe de prestigiar este projeto da UEA!

O Ontem no Hoje

O mês de abril marcou o segundo ciclo de exibições do Cine Vídeo Cosme Alves Netto. Nas três semanas iniciais do mês foram exibidos: Cisne Negro, de Darren Aronofsky; Melancolia, de Lars Von Trier; e A Pele que Habito, de Pedro Almodóvar. Todos esses títulos se inserem no Ciclo de Destaques de 2011, no qual exibimos algumas das obras cinematográficas mais elogiadas do ano passado. E na semana passada, para fechar a etapa de abril, o filme escolhido foi Meia-noite em Paris, de Woody Allen.

Nesta obra de 2011, o diretor americano continua sua tendência mais recente ao deixar os cenários de Nova Iorque e partir para a Europa. E depois de gravar em Londres e Barcelona, é chegada a vez  de Paris. Gil Pender (Owen Wilson), um roteirista bem-sucedido de Hollywood, e sua noiva, Inez (Rachel McAdams), estão de férias na capital parisiense com os pais desta, que estão lá a negócios. Gil se apaixona pela cidade e diz abertamente a uma exasperada Inez que adoraria lá morar. Seu deslumbre apenas se intensifica quando, numa noite regada a muito vinho, ele se encontra numa estranha situação em que a sua amada Paris dos anos 20 ganha vida e alguns de seus ídolos, como Ernest Hemingway e F. Scott Fitzgerald, lhe aparecem em carne e osso. Por fim, essa inesperada experiência acaba pondo em cheque tudo que Gil tinha em vista para seu futuro.

Woody Allen nos traz, assim, a ideia com a qual às vezes nos pegamos brincando: como seria  nossa vida caso houvéssemos nascido em outra época? Vicariamente, através do protagonista, temos um vislumbre do que foi o forte movimento artístico vivenciado na capital da França no início do século XX, sob as mais diversas vanguardas. Nesse sentido, o filme conta com um excepcional elenco de apoio, entre os quais constam Kathy Bates como Gertrude Stein, Marion Cotillard como Adriana e Adrien Brody como Salvador Dalí. À esse vislumbre contrapõe-se a visão capitalista e pragmática da esposa de Gil, a qual julga irreais as aspirações do marido.


Diante disso, somos postos frente à questão da aparente superioridade do passado. A cada viagem que o personagem principal faz aos anos 20, ele se convence mais ainda que está em uma era de ouro já impossível de ser resgatada pelo século XXI. A arte, as pessoas e o pensamento da época o deslumbram, no entanto, Gil se depara com o desapontamento de que mesmo os habitantes daquele tempo têm suas reservas em relação ao suposto apogeu em que vivem. O que fica é a impressão de que ninguém de fato está satisfeito com o seu tempo, mas é ele que nos cabe. Portanto, é com essa reflexão que o Cine Vídeo Cosme Alves Netto encerra o ciclo de abril, agradece a presença de todos que compareceram às sessões e aproveita para deixar o convite para o ciclo de maio, que tratará de produções do Oriente Médio. 

terça-feira, 17 de abril de 2012

Macabro e Sem Gritos

No mês de abril o Cine Vídeo Cosme Alves Netto traz o Ciclo de Destaques de 2011. E após a exibição de obras como Cisne Negro e Melancolia, nesta terceira semana do mês, exibiremos o elogiado longa de Pedro Almodóvar, A Pele Que Habito, vencedor do prêmio de Melhor Filme Estrangeiro segundo a Academia Britânica de Cinema (BAFTA).

O diretor espanhol nos contempla com a história de Robert Ledgard, um renomado médico que realiza experimentos nos quais cultiva uma espécie de pele artificial, por ele batizada de Gal em homenagem a sua esposa, vítima de severas queimaduras. Para a comunidade científica, no entanto, diz que  suas experiências são conduzidas em ratos, mas secretamente o Dr. Ledgard as realiza em uma moça chamada Vera, a qual ele mantém em cativeiro dentro de sua própria residência. A verdadeira história de Vera, contudo, é ainda mais estranha e envolve uma trama familiar típica de Almodóvar.


Segundo o próprio diretor, A Pele que Habito se trata de uma "história de terror sem gritos ou sustos". E certamente o elemento macabro encontra-se presente no desenrolar da trama. Notamos que a nossa percepção do caráter do protagonista se altera ao termos um vislumbre de seu passado através da técnica de flashbacks, sempre presentes nas obras de Almodóvar. O que inicialmente nos parece obstinação por parte do Dr. Ledgard acaba se transformando em uma obsessão vingativa que este leva até as últimas consequências ao procurar por algo a que se ater após as mortes trágicas de seus entes queridos. Essa busca, portanto, tão intensa em sua ira, acaba determinando o destino do médico.




O mais recente longa do cineasta espanhol, assim, além de apresentar todos os aspectos que já o consagraram ao longo de sua carreira - como a fotografia, os cenários, o jogo de cores e os diálogos -, também incorpora novos elementos temáticos que se encaixam com louvor à sua vasta gama de habilidades como contador de histórias. Nesse sentido, incluem-se em A Pele Que Habito questões de éticas da medicina, sexualidade, vingança, ódio e perdão, os quais se misturam e formam entre as personagens uma complexa rede de relações que não podem ser facilmente discernidas, pois já não se é mais possível separar as coisas como se fossem preto e branco. Tratando de problemas de identidade, como sugerido no título, o filme nos prova cabalmente que nada na personalidade humana pode ser simplificado, que o que outrora era ódio pode, por exemplo, tornar-se obsessão inflamada pela paixão. Dessa forma, esta é mais uma obra que merece destaque num ciclo que se propõe a exibir produções que marcaram o ano de 2011. Não perca, nesta quinta-feira, às 18h, na UEA - Escola Normal Superior!

domingo, 15 de abril de 2012

Calma e Caos no Fim do Mundo

Após a estreia de um novo ciclo no dia 4 com Cisne Negro, de Darren Aronofsky, nessa segunda semana de abril tivemos o prazer de realizar a exibição de Melancolia, do cultuado diretor dinamarquês Lars Von Trier. Trata-se do Ciclo de Destaques de 2011, que incluirá também, nas próximas semanas, A Pele que Habito, do espanhol Pedro Almodóvar, e Meia-noite Em Paris, do americano Woody Allen. Portanto, caso você não tenha visto tais obras nos cinemas de Manaus durante o ano passado, o Cine Vídeo UEA felizmente lhes oferece mais uma oportunidade para prestigiá-las.

Melancolia gira em torno de duas irmãs, Justine (Kirsten Dunst) e Claire (Charlotte Gainsbourg). Justine acaba de casar-se, mas claramente se encontra em um profundo estado de depressão, do qual nem seus familiares mais próximos conseguem resgatá-la. Claire, já bem estabelecida em sua vida, é casada e tem um filho. A iminência da passagem de um misterioso planeta pela Terra, no entanto, acaba influenciando diretamente o estado de espírito das duas irmãs, que se preparam de maneiras distintas para o possível fim do nosso planeta.

Diante de desafios como a criação digital de um planeta, a fotografia do longa de Lars Von Trier é um dos aspectos técnicos mais marcantes da obra. Nesse sentido, sua sequência de abertura merece um destaque especial. Nela, dialogando diretamente com a pintura através de uma sucessão de imagens em slow motion extremo, o diretor nos oferece vários vislumbres dos temas a serem tratados em Melancolia, construindo, assim, uma série de quadros mórbidos e simbólicos que mostram os últimos momentos da vida das personagens na Terra. Tudo isso ao som do prelúdio da obra Tristão e Isolda, de Wagner. Após revelar logo no início o final completamente oposto ao happy ending hollywoodiano, Lars Von Trier prossegue, então, com os momentos que o antecederam, dividindo a obra em duas partes, cada uma tratando de uma irmã.


Em entrevista, o diretor dinamarquês conta que a ideia original do filme se deu durante uma sessão de terapia na qual este tratava sua depressão. Segundo seu terapeuta, pessoas melancólicas tendem a agir mais calmamente em situações catastróficas, enquanto pessoas comuns são mais aptas a entrarem em pânico. Tal noção é claramente explorada em Melancolia. A própria estrutura do longa se reflete nesse conceito. A primeira parte, intitulada "Justine", nos mostra uma das protagonistas em depressão mesmo durante um dos eventos mais importantes de sua vida, seu casamento. Em contrapartida, na iminência da colisão entre os planetas, é ela quem mais se mantém serena e racional, ao contrário de sua irmã. Lars Von Trier, portanto, constrói sua história na justaposição dessas visões e conclui o destino de Justine e Claire comprovando sua proposta inicial com uma belíssima cena final. Assim, concluímos a segunda semana do Ciclo de Destaques de 2011 com um longa que não trata do fim do mundo com as explosões e a ficção científica que estamos acostumados a ver, mas de como diferentes pessoas podem reagir de maneiras diferentes em situações de estresse elevado.

quarta-feira, 4 de abril de 2012

Ciclo de Abril: Destaques de 2011

Após termos exibido em março filmes como Cantando Na Chuva e Cinema Paradiso de acordo com o Ciclo do Metacinema, temos o prazer de convidar a todos os alunos, professores e funcionários da UEA, bem como a população manauara em geral, para prestigiarem a abertura de mais um ciclo, que ocorrerá neste mês de abril. Trata-se do Ciclo de Destaques de 2011. O ano passado nos trouxe valiosas adições ao rol de grandes obras cinematográficas, mas muitas delas, infelizmente, não chegaram aos nossos cinemas, ou, se chegaram, passaram pouquíssimo tempo em cartaz. Portanto, para, ao menos tentar, suprir um pouco dessa falta, preparamos a seguinte programação:

- 04/04: Cisne Negro, de Darren Aronofsky;
- 12/04: Melancolia, de Lars Von Trier;
- 19/04: A Pele Que Habito, de Pedro Almodóvar;
- 26/04: Meia-noite em Paris, de Woody Allen.

O filme que hoje será exibido, portanto, é o do diretor americano Darren Aronofsky, Cisne Negro, indicado a cinco categorias do Oscar e vencedor na categoria de Melhor Atriz, pela atuação de Natalie Portman. Embora seja oficialmente de 2010, só chegou ao Brasil no ano passado, por isso foi incluído neste ciclo. O longa nos traz a história de Nina Sayers, uma bailarina de Nova Iorque que é escalada para interpretar as duas personagens principais do famosíssimo O Lago dos Cisnes. Contudo, apesar de ser perfeita para o papel do Cisne Branco, Nina tem muitas dificuldades para lidar com o lado mais obscuro de sua personalidade e, assim, interpretar o Cisne Negro. Um desafio que a princípio porá à prova sua carreira acaba, então, pondo à prova sua própria sanidade.

O filme trabalha com alguns conceitos de obras consagradas como O Retrato de Dorian Gray, de Oscar Wilde, e O Médico e o Monstro, de Robert Louis Stevenson. Dialogando em parte com o único romance de Wilde, a protagonista, através de sua arte, busca a todo custo a perfeição do belo em suas apresentações, o que a acaba consumindo e ocasionando uma ruptura de valores. De repente, tudo que havia em sua vida - profissão, relacionamentos e família, por exemplo - é diretamente afetado pela sua obsessão por uma personagem tão difícil de interpretar, já que possui uma índole muito diferente da sua. Nesse sentido, temos a relação com o romance de Stevenson, o qual nos oferece um debate entre nossas distintas forças internas, o lado do bem e o lado mal. A todo instante Nina ouve de seu diretor, Thomas (Vincent Cassel), que deve se soltar mais e liberar seu lado mais selvagem e primitivo, o que prova ser uma árdua tarefa para uma mulher que a vida inteira se dedicou ao balé por influência direta de uma mãe ex-bailarina,  carinhosa e rígida, que também, em contrapartida e a todo instante, diz quão meiga sua filha é.

Essa dualidade é, aliás, o tema principal do filme. Em inúmeras cenas podemos perceber a presença de espelhos. Na casa da Nina, nos banheiros, nos camarins e no teatro, esses espelhos representam muito bem a relação da protagonista com seu lado interior mais sombrio e como sua identidade aos poucos desmorona por deixar que ele transpareça. A propósito, esses reflexos não ocorrem apenas em espelhos tradicionais, mas em qualquer superfície refletora, como as portas do metrô ou mesmo o palco do teatro. Cada um desses motivos reforça a ideia do trajeto de uma personagem a quem assistimos sofrer por uma pressão externa e ao mesmo tempo autoimposta. Nesse ponto, o filme é uma verdadeira aula de narrativa psicológica que beira o terror. Em vários momentos nos perguntamos se estamos perdendo o juízo junto com a personagem de Natalie Portman. Com efeitos digitais magnifícos, vemos a transformação dolorosa de uma garota genuinamente meiga para o selvagem e sensual Cisne Negro, culminando em um final surpreendente e catártico.



Por fim, Darren Aronofsky nos põe, em última instância, diante de uma história que trata da nossa relação de amor e ódio para com a arte. Ao mesmo tempo que ama o balé e a rotina dolorosa dos bailarinos, a personagem principal acaba se desconstruindo pela pressão da perfeição e se perdendo, mas também se achando finalmente, no caminho. Processo semelhante ocorre também em outras artes, como na literatura,  pois a linguagem e a língua impossibilitam aos escritores de dizerem tudo que desejam, mas ao mesmo tempo, estes não podem deixar de tentá-lo e isso só é possível através da própria língua. Nossa arte, portanto, torna-se uma descoberta árdua que nos força a dialogar com nossa própria essência e buscar dentro de nós mesmos, a partir de pulsões tão opostas, aquilo que de fato julgamos ser belo. Assim, para ver como esses pólos opostos se dão na vida de Nina Sayers, compareça à Escola Normal Superior, às 18h, e prestigie Cisne Negro. Não perca!

quinta-feira, 29 de março de 2012

Nos Bastidores de um Clássico

Dando continuidade ao Ciclo do Metacinema, durante o qual são exibidas produções que tratam da própria arte do cinema, o Cine Vídeo Cosme Alves Netto tem o prazer de convidar alunos, professores e funcionários da UEA, bem como a população em geral, para assistirem ao filme de 1987 de Paolo e Vittorio Taviani: Bom Dia, Babilônia. A exibição terá entrada franca e ocorrerá nesta quinta-feira, 29, às 18h, na Sala Maria de Nazareth Xavier da Escola Normal Superior, localizada na Avenida Djalma Batista, 2470.

O longa conta a história dos irmãos artesãos Nicola e Andrea Bonanno, que resolvem deixar sua pátria natal, a Itália, para tentar reconstruir o patrimônio da família nos Estados Unidos da América da década de 1910. Depois de vários empregos temporários, a dupla finalmente consegue algum destaque ao construir os sets de filmagem do grande diretor D.W Griffith em Hollywood, o que lhes dá uma nova perspectiva sobre suas vidas numa terra tão distante daquela onde viviam.

Temas como família e trabalho estão muito presentes ao longo do filme. Desde o início da trama, ainda na Itália, percebemos, sobretudo nos protagonistas, esse sentimento de união entre os irmãos e o patriarca dos Bonanno, e é esse mesmo sentimento que compele Nicola e Andrea a deixarem suas raízes para restaurarem a dignidade da família em falência, mesmo que de um outro continente. Já nos Estados Unidos, sempre juntos, os irmãos se submetem a uma série de empregos que nada se aproximam da sua arte de restaurar prédios antigos na Toscana. Pelo menos até o momento em que o roteiro nos oferece um olhar dos bastidores da Hollywood do início do século XX, durante as gravações do famoso Intolerância, de D.W. Griffith. Os figurantes, as estrelas, as coreografias, os cenários e as câmeras tornam-se, então, pequenas peças que, ao serem postas juntas, montarão a grande obra que é um filme de cinema, do qual os irmãos Bonanno sentem-se orgulhosos por fazerem parte.


Essa fraternidade - que os levara à posição na qual se encontram - é partida, no entanto, pela Primeira Guerra Mundial. O que antes eles partilhavam de tão precioso, como o apreço pela arte e pela honra da família, se despedaça em função do horror de uma batalha que os coloca em lados opostos. Contudo, mesmo lutando por pátrias diferentes, os protagonistas descobrem que há coisas que superam a política fria e impiedosa das guerras, e o cinema, por mais inusitado que pareça naquele cenário de destruição, está presente nesse resgate da dignidade do homem e na lembrança dos valores que realmente nos importam. Portanto, para testemunhar a magia da sétima arte em ação, convidamos a todos para esta última sessão do Ciclo do Metacinema. Não perca!

quarta-feira, 21 de março de 2012

Cine Nostalgia

Nesta terceira semana do Ciclo do Metacinema, no qual exibimos produções que debatem a própria arte de se fazer filmes, convidamos o público em geral a prestigiar o premiadíssimo Cinema Paradiso (1988), escrito e dirigido por Giuseppe Tornatore. Vencedor do Oscar de melhor filme estrangeiro em 1990, o longa trata da magia do cinema e das mais diversas formas pelas quais ele pode alterar variados aspectos de nossas vidas.

A história gira em torno de Salvatore Di Vita, um famoso diretor que vive em Roma na década de 1980. Ao receber, no entanto, a notícia da morte de um velho amigo, Salvatore começa a se lembrar de sua juventude em Giancaldo, na Sicília. Conhecido na época como Totó, o menino descobre sua intensa paixão pelo mundo do cinema e logo trava uma bela amizade com o único projecionista da cidade, Alfredo. A partir de então, o protagonista passa pelas experiências da infância e da adolescência sempre com a marca de seu amor pela arte e pela verdadeira experiência social que era o Cinema Paradiso.

Giuseppe Tornatore nos contempla, portanto, com uma obra com alto grau de nostalgia e até certo ponto de autobiografia. A personagem principal se recorda com emoção de seus tempos de criança numa vila tão pacata e da alegria que encontrou numa amizade tão peculiar e embalada por filmes que tanto significavam para os dois. Nesse sentido, podemos resgatar um pouco do brilho dos olhos de uma criança para quem o cinema não é apenas entretenimento, mas algo de valioso que lhe ajuda a construir um pouquinho da sua realidade e até mesmo de sua personalidade. Esse resgate se prova hoje interessante, já que semanalmente assistimos a uma enxurrada de produções caríssimas que muito impressionam, porém pouco adicionam. Dessa forma, a história de Totó, gravada na cidade natal do próprio Tornatore, é a forma que o diretor encontrou para, ao mesmo tempo, recordar seu próprio caminho e mostrar aos espectadores o impacto que os filmes podem nos causar.



De forma análoga, Cinema Paradiso nos remonta a um tempo em que o cinema era um catalisador das relações sociais. Nós, espectadores do século XXI, podemos nos espantar com as exibições feitas na sala única do Cinema Paradiso. Sessões lotadas, bebês chorando, crianças gritando, homens discutindo, mas todos ali unidos pelo telão que abre uma janela para outro universo. Muito diferente da nossa experiência hoje, de sussurrar para as nossas companhias, rir contidamente e deixar a sala em silêncio ao fim da sessão. Já no filme, observamos que os laços sociais se estreitam naquele espaço fechado, o que torna o Cinema Paradiso basicamente um reflexo das relações que já ocorrem normalmente do lado de fora de suas portas, ou seja, é, de fato, um espaço social. Por isso, para resgatar essas experiências, hoje já um tanto raras, compareça à Escola Normal Superior amanhã, 22, às 18h. Contamos com a sua presença!  

quinta-feira, 15 de março de 2012

Cinema, Amor e Protesto

Após nossa estreia de 2012 na última quinta-feira com o clássico Cantando na Chuva, damos prosseguimento ao ciclo do metacinema com uma produção de 2003 do diretor italiano Bernardo Bertolucci. Trata-se de Os Sonhadores (The Dreamers), roteiro de Gilbert Adair baseado em seu próprio romance Os Inocentes Sagrados. O longa apresenta uma relação com o cinema distinta daquela presente em Cantando na Chuva. Este reflete sobre a sétima arte de um ponto de vista mais histórico - a passagem do cinema mudo para o falado -, já aquele se concentra na magia e na apreciação que ela causa em seus espectadores.

Os Sonhadores se passa na conturbada Paris do final da década de 1960, onde Matthew, um jovem intercambista americano, resolve passar um tempo para aprender a língua francesa. Um de seus hobbies na capital é ir ao cinema, à famosa Cinémathèque Française, na qual ele acaba por conhecer os gêmeos Isabelle e Théo, com quem pode dividir toda sua admiração pelos filmes. Concomitantemente, os protestos estudantis de 1968 em Paris ganham maior intensidade, mas a ligação entre os três torna-se tão forte que estes acabam se fechando para o mundo enquanto vivem sua estranha, e por vezes doentia, amizade.

O longa, através de seus protagonistas, apresenta uma relação muito íntima e apaixonada pelo cinema. Perpassada em vários momentos por recortes de filmes clássicos, a trama nos revela a paixão rebelde de três jovens que vivem o cinema e o trazem para suas vidas como forma máxima de expressão. Há uma fetichização da arte no sentido de que os  três se regozijam nos jogos sexuais de que brincam em torno dos filmes. Ao mesmo tempo, essa obsessão acaba tendo o efeito de afastá-los da realidade tumultuada dos protestos e das lutas sociais que ocorrem imediatamente do lado de fora do mundo praticamente hermético que eles criaram para si.

Dessa forma, Os Sonhadores também nos remete à alienação juvenil ao mesmo tempo inocente, romântica e rebelde. O desejo agudo de desvirtuar os valores tradicionais acaba por alienar uma juventude que se resguarda no ideal recriado das artes. Esquece-se, portanto, que as artes, mesmo sendo um fingimento, são em última instância uma ressignificação do real, uma recriação artística que fala o que a ciência não revela em seu pragmatismo. É claro que os protagonistas realizam uma ruptura, mas os detalhes serão revelados hoje, às 18h, na Sala Maria de Nazareth Xavier, na Escola Normal Superior, com a exibição na íntegra de Os Sonhadores de Bernardo Bertolucci. Não perca!

quarta-feira, 7 de março de 2012

Estreando com um Clássico

O projeto Cine Vídeo UEA - Cosme Alves Netto tem amanhã sua grande estreia no ano de 2012. Iniciaremos mais um semestre letivo com o intuito de divulgar mais amplamente nossa iniciativa e não só enriquecer a rotina acadêmica dos alunos da UEA, mas também colocar à disposição do público em geral grandes produções culturais. Portanto, nossa proposta para este mês de março é o ciclo do metacinema, ou seja, filmes que tratem da própria sétima arte, e o primeiro deles é o clássico dos musicais Cantando na Chuva, de 1952.

Dirigido por Stanley Donen e Gene Kelly (também coreógrafo e ator), o longa nos remete a uma importante era do cinema hollywoodiano. Don Lockwood (Kelly) e Lina Lamont (Jean Hagen) são grandes estrelas de filmes mudos e se deparam com um novo desafio quando a indústria cinematográfica é tomada pelo sucesso dos filmes falados. Seu mais novo longa, no entanto, passa por uma série de problemas, entre eles, a voz irritante da atriz. A única solução encontrada é, portanto, contratar a jovem aspirante Kathy Selden (Debbie Reynolds) para dublar a famosa Lina Lamont, e, de repente, uma produção que parecia fadada ao fracasso adquire grande potencial.

Cantando na Chuva, considerado pelos críticos um dos melhores musicais já feitos, transborda com a riqueza de uma produção bem feita, equilibrando perfeitamente a comédia, o romance e divertidos números de dança. Seu roteiro inteligente carrega todo o bom humor inocente e esperto da era de ouro de Hollywood, principalmente na personagem Cosmo Brown, interpretada pelo também sapateador Donald O'Connor. Quanto ao romance de Lockwood e Selden, pode-se dizer que nossas comédias românticas mais recentes ainda ecoam muito sua simplicidade e deslumbramento. Já as grandiosas sequências de sapateado, na maioria das vezes protagonizada por Kelly e O'Connor, são um prato cheio para os mais tradicionais, já que os musicais mais contemporâneos dão preferência a outros estilos. Aliás, esse é um dos principais apelos de um filme produzido já há sessenta anos: revisitar formas passadas de se fazer cinema.


Diante disso, este ano, as premiações de O Artista, eleito pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas o melhor filme da edição de 2012, parecem estar em consonância com esse sentimento saudosista. Mesmo no  século XXI, no qual houve uma explosão do cinema 3D e do aprimoramento técnico da indústria, ainda cabe, portanto, um olhar para o passado e filmes como O Artista podem ser premiados com um Oscar de melhor filme ao lado de produções mais do que atuais como Crash - No Limite e Guerra ao Terror. Assim, venha também relembrar o passado dessa arte que já nos deslumbra há mais de um século e compareça à Sala Maria de Nazareth Xavier, na Escola Normal Superior, amanhã às 18h para prestigiar o clássico Cantando Na Chuva.

sábado, 3 de março de 2012

O cinema no espelho

Após um recesso bimestral, o Cine Vídeo UEA - Cosme Alves Netto traz consigo uma boa notícia, um visual novo e uma proposta interessante!

A boa notícia é que o Cine Vídeo UEA foi um dos projetos aprovados no Programa Institucional de Extensão pelo Edital 113/2011 GR/UEA; com essa aprovação, o projeto ganha bolsistas de dedicação exclusiva, adquire melhores equipamentos e realiza uma maior integração universidade-comunidade. Para conhecer outros projetos, clique aqui.

Além disso, com a reformulação do layout, agora nosso blog disponibiliza também a programação do mês e a ficha técnica dos filmes, bem como as clássicas resenhas dos filmes exibidos.

Por sua vez, a proposta para esse mês de março é o Ciclo de Metacinema. E o que é o metacinema? Em poucas palavras, o metacinema (ou metafilme) é aquele que busca refletir a si próprio, propondo uma discussão da sétima arte, desde aspectos mais técnicos até os mais criativos. Portanto, com o objetivo de despertar a atenção dos espectadores para elementos mais específicos da arte de se fazer filmes, iniciaremos este ciclo na próxima quinta-feira, dia 08/03, às 18h, com um grande clássico dos musicais hollywoodianos: Cantando Na Chuva, dos diretores Gene Kelly e Stanley Donen. Não perca!

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Ciclo de Animações de Dezembro

Chegado o fim do ano, o Cine Vídeo UEA iniciou mais um ciclo de produções. No último mês de dezembro tivemos o prazer de oferecer ao público três exemplares do gênero animação. No dia 1, a obra exibida foi Mary e Max, do australiano Adam Elliot e muito aclamada pela crítica; no dia 15, foi a vez de Waking Life, de Richard Linklater e produzido com a técnica de rotoscópio. O gênero, comumente ligado ao público infantil, ultrapassa barreiras etárias e é capaz de encantar públicos de todos os cantos do mundo, por isso não podíamos deixar de incluí-lo em nossas sessões.

Mary e Max, de 2009, se utiliza da popular técnica stop-motion, na qual uma sequência rápida de imagens cria no espectador a ilusão de movimento. A obra nos apresenta a agridoce história das personagens que dão título ao filme. Ela, uma garota australiana de 8 anos que vive com os pais negligentes; ele, um americano autista de 44 anos que mora sozinho em seu apartamento. Essa aparente incongruência entre os dois, no entanto, se desfaz a cada minuto do longa, no qual percebemos que as visões peculiares de uma criança e de um autista ajudam as duas personagens a entenderem o estranho mundo que os cerca. Os tons marrons e pastéis da vida de Mary são muito mais toleráveis para a menina quando suas dúvidas mais íntimas são partilhadas com seu amigo dos Estados Unidos. Já os tons cinzas e escuros da Nova Iorque de Max se contrapõem à sua alegria de ter pelo menos uma amiga. Enfim, a trama é um bom convite para repensarmos a realidade que queremos à nossa volta, desde aspectos emocionais até aspectos econômicos, e é nesse sentido que a obra é tão valiosa: é na simplicidade de uma amizade infantil que podemos achar a solução para tudo que nos prejudica.

Waking Life, de 2001, é um ótimo exemplo de como as animações podem contribuir não só esteticamente, mas também para reforçar o argumento de um filme. O longa foi inteiramente filmado com atores e posteriormente levado para o estúdio, a fim de que um grupo de artistas desenhasse sobre cada quadro. Essa técnica do rotoscópio se une harmonicamente ao tema proposto na obra: a natureza dos sonhos e da vida. A realidade dos atores e dos ambientes urbanos se confunde com as cores e as linhas desenhadas pelos artistas e criam um efeito único no espectador, o qual aceita a incerteza de estar assistindo a um sonho, à realidade ou aos devaneios do protagonista. Através de um desfile de discursos das mais diversas naturezas, somos postos diante de questões importantes como o existencialismo, o livro arbítrio e até a política, os quais, embalados por um estética colorida e cheia de movimento, constroem, em última instância, um longa complexo e repleto de camadas.

Com essas animações, concluímos nossas atividades no ano de 2011, mas com muitas ideias de novos ciclos para 2012. A arte do cinema, muito mais que mero entretenimento, é uma das formas de interpretarmos nossa realidade e até mesmo dar voz às nossas mais íntimas aspirações, por isso, de maneira alguma se esgotará. Dessa forma, pode-se esperar que o Cine Vídeo UEA - Cosme Alves Netto retomará suas atividades em março com muito mais títulos valiosos para dividir com o grande público.