quarta-feira, 21 de março de 2012

Cine Nostalgia

Nesta terceira semana do Ciclo do Metacinema, no qual exibimos produções que debatem a própria arte de se fazer filmes, convidamos o público em geral a prestigiar o premiadíssimo Cinema Paradiso (1988), escrito e dirigido por Giuseppe Tornatore. Vencedor do Oscar de melhor filme estrangeiro em 1990, o longa trata da magia do cinema e das mais diversas formas pelas quais ele pode alterar variados aspectos de nossas vidas.

A história gira em torno de Salvatore Di Vita, um famoso diretor que vive em Roma na década de 1980. Ao receber, no entanto, a notícia da morte de um velho amigo, Salvatore começa a se lembrar de sua juventude em Giancaldo, na Sicília. Conhecido na época como Totó, o menino descobre sua intensa paixão pelo mundo do cinema e logo trava uma bela amizade com o único projecionista da cidade, Alfredo. A partir de então, o protagonista passa pelas experiências da infância e da adolescência sempre com a marca de seu amor pela arte e pela verdadeira experiência social que era o Cinema Paradiso.

Giuseppe Tornatore nos contempla, portanto, com uma obra com alto grau de nostalgia e até certo ponto de autobiografia. A personagem principal se recorda com emoção de seus tempos de criança numa vila tão pacata e da alegria que encontrou numa amizade tão peculiar e embalada por filmes que tanto significavam para os dois. Nesse sentido, podemos resgatar um pouco do brilho dos olhos de uma criança para quem o cinema não é apenas entretenimento, mas algo de valioso que lhe ajuda a construir um pouquinho da sua realidade e até mesmo de sua personalidade. Esse resgate se prova hoje interessante, já que semanalmente assistimos a uma enxurrada de produções caríssimas que muito impressionam, porém pouco adicionam. Dessa forma, a história de Totó, gravada na cidade natal do próprio Tornatore, é a forma que o diretor encontrou para, ao mesmo tempo, recordar seu próprio caminho e mostrar aos espectadores o impacto que os filmes podem nos causar.



De forma análoga, Cinema Paradiso nos remonta a um tempo em que o cinema era um catalisador das relações sociais. Nós, espectadores do século XXI, podemos nos espantar com as exibições feitas na sala única do Cinema Paradiso. Sessões lotadas, bebês chorando, crianças gritando, homens discutindo, mas todos ali unidos pelo telão que abre uma janela para outro universo. Muito diferente da nossa experiência hoje, de sussurrar para as nossas companhias, rir contidamente e deixar a sala em silêncio ao fim da sessão. Já no filme, observamos que os laços sociais se estreitam naquele espaço fechado, o que torna o Cinema Paradiso basicamente um reflexo das relações que já ocorrem normalmente do lado de fora de suas portas, ou seja, é, de fato, um espaço social. Por isso, para resgatar essas experiências, hoje já um tanto raras, compareça à Escola Normal Superior amanhã, 22, às 18h. Contamos com a sua presença!  

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