quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Drama Erótico, Não Pornográfico

Após visitar gêneros como o anime e a comédia nas sessões anteriores, nesta terceira semana do ciclo de cinema japonês, o Cine Vídeo UEA realizará a exibição do polêmico O Império dos Sentidos, dirigido por Nagisa Oshima. Baseado numa história real, o filme franco-japonês de 1976 trata de trazer para as grandes telas um acontecimento que deixou a mídia e a sociedade japonesa dos anos 1930 em polvorosa. Sada Abe (Eiko Matsuda) é uma ex-prostituta que começa a trabalhar como empregada em um estabelecimento de boa reputação em Tóquio. Assediada por seu patrão, Kichizo Ishida (Tatsuya Fuji), a jovem cede aos desejos do mesmo e dá início a um relacionamento regido pela luxúria e pela obsessão, o qual resulta em consequências catastróficas. 

As rígidas leis de censura do Japão na época impediram a produção integral da obra da maneira em que Oshima desejava. Assim, as filmagens não editadas foram enviadas para a França, onde seriam devidamente trabalhadas. Embora originalmente produzido para exibição em larga escala, devido ao seu forte conteúdo de sexo explícito não simulado entre os atores, o filme foi em um primeiro momento censurado em diversos países como Estados Unidos, Alemanha e o próprio Japão, mas hoje já é visto de outra forma pelos críticos de cinema. Vale ressaltar que há uma diferença entre a pornografia e o conteúdo erótico, pois este tem objetivos artísticos que se estendem além dos daquela.

Instigante pela veracidade dos fatos ali encenados, O Império dos Sentidos explora, muito além do sexo, o papel da obsessão e da possessividade dentro de relações doentias. Ao embarcar nessa paixão além da sanidade, Sada e Kichizo, sem saber, estão selando seus próprios destinos, pois além de alterar a visão que a sociedade tem do casal ao testemunhar a leviandade com que levam seu relacionamento, os dois mergulham numa curva de decadência que não termina nada bem para ambos. Além disso, embora o sexo retratado na obra seja um tanto quanto chocante para os mais acostumados ao cinema tradicional, é possível vislumbrar sua função dentro da significância da obra numa análise mais posterior. Portanto, é necessário que analisemos certos filmes do ponto de vista da quebra de tabus, já que uma sociedade mais aberta ao debate franco e respeitoso tem mais chances de gerar cidadãos mais bem informados e dotados de um senso crítico menos ideológico e mais apurado.

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