quinta-feira, 29 de março de 2012

Nos Bastidores de um Clássico

Dando continuidade ao Ciclo do Metacinema, durante o qual são exibidas produções que tratam da própria arte do cinema, o Cine Vídeo Cosme Alves Netto tem o prazer de convidar alunos, professores e funcionários da UEA, bem como a população em geral, para assistirem ao filme de 1987 de Paolo e Vittorio Taviani: Bom Dia, Babilônia. A exibição terá entrada franca e ocorrerá nesta quinta-feira, 29, às 18h, na Sala Maria de Nazareth Xavier da Escola Normal Superior, localizada na Avenida Djalma Batista, 2470.

O longa conta a história dos irmãos artesãos Nicola e Andrea Bonanno, que resolvem deixar sua pátria natal, a Itália, para tentar reconstruir o patrimônio da família nos Estados Unidos da América da década de 1910. Depois de vários empregos temporários, a dupla finalmente consegue algum destaque ao construir os sets de filmagem do grande diretor D.W Griffith em Hollywood, o que lhes dá uma nova perspectiva sobre suas vidas numa terra tão distante daquela onde viviam.

Temas como família e trabalho estão muito presentes ao longo do filme. Desde o início da trama, ainda na Itália, percebemos, sobretudo nos protagonistas, esse sentimento de união entre os irmãos e o patriarca dos Bonanno, e é esse mesmo sentimento que compele Nicola e Andrea a deixarem suas raízes para restaurarem a dignidade da família em falência, mesmo que de um outro continente. Já nos Estados Unidos, sempre juntos, os irmãos se submetem a uma série de empregos que nada se aproximam da sua arte de restaurar prédios antigos na Toscana. Pelo menos até o momento em que o roteiro nos oferece um olhar dos bastidores da Hollywood do início do século XX, durante as gravações do famoso Intolerância, de D.W. Griffith. Os figurantes, as estrelas, as coreografias, os cenários e as câmeras tornam-se, então, pequenas peças que, ao serem postas juntas, montarão a grande obra que é um filme de cinema, do qual os irmãos Bonanno sentem-se orgulhosos por fazerem parte.


Essa fraternidade - que os levara à posição na qual se encontram - é partida, no entanto, pela Primeira Guerra Mundial. O que antes eles partilhavam de tão precioso, como o apreço pela arte e pela honra da família, se despedaça em função do horror de uma batalha que os coloca em lados opostos. Contudo, mesmo lutando por pátrias diferentes, os protagonistas descobrem que há coisas que superam a política fria e impiedosa das guerras, e o cinema, por mais inusitado que pareça naquele cenário de destruição, está presente nesse resgate da dignidade do homem e na lembrança dos valores que realmente nos importam. Portanto, para testemunhar a magia da sétima arte em ação, convidamos a todos para esta última sessão do Ciclo do Metacinema. Não perca!

quarta-feira, 21 de março de 2012

Cine Nostalgia

Nesta terceira semana do Ciclo do Metacinema, no qual exibimos produções que debatem a própria arte de se fazer filmes, convidamos o público em geral a prestigiar o premiadíssimo Cinema Paradiso (1988), escrito e dirigido por Giuseppe Tornatore. Vencedor do Oscar de melhor filme estrangeiro em 1990, o longa trata da magia do cinema e das mais diversas formas pelas quais ele pode alterar variados aspectos de nossas vidas.

A história gira em torno de Salvatore Di Vita, um famoso diretor que vive em Roma na década de 1980. Ao receber, no entanto, a notícia da morte de um velho amigo, Salvatore começa a se lembrar de sua juventude em Giancaldo, na Sicília. Conhecido na época como Totó, o menino descobre sua intensa paixão pelo mundo do cinema e logo trava uma bela amizade com o único projecionista da cidade, Alfredo. A partir de então, o protagonista passa pelas experiências da infância e da adolescência sempre com a marca de seu amor pela arte e pela verdadeira experiência social que era o Cinema Paradiso.

Giuseppe Tornatore nos contempla, portanto, com uma obra com alto grau de nostalgia e até certo ponto de autobiografia. A personagem principal se recorda com emoção de seus tempos de criança numa vila tão pacata e da alegria que encontrou numa amizade tão peculiar e embalada por filmes que tanto significavam para os dois. Nesse sentido, podemos resgatar um pouco do brilho dos olhos de uma criança para quem o cinema não é apenas entretenimento, mas algo de valioso que lhe ajuda a construir um pouquinho da sua realidade e até mesmo de sua personalidade. Esse resgate se prova hoje interessante, já que semanalmente assistimos a uma enxurrada de produções caríssimas que muito impressionam, porém pouco adicionam. Dessa forma, a história de Totó, gravada na cidade natal do próprio Tornatore, é a forma que o diretor encontrou para, ao mesmo tempo, recordar seu próprio caminho e mostrar aos espectadores o impacto que os filmes podem nos causar.



De forma análoga, Cinema Paradiso nos remonta a um tempo em que o cinema era um catalisador das relações sociais. Nós, espectadores do século XXI, podemos nos espantar com as exibições feitas na sala única do Cinema Paradiso. Sessões lotadas, bebês chorando, crianças gritando, homens discutindo, mas todos ali unidos pelo telão que abre uma janela para outro universo. Muito diferente da nossa experiência hoje, de sussurrar para as nossas companhias, rir contidamente e deixar a sala em silêncio ao fim da sessão. Já no filme, observamos que os laços sociais se estreitam naquele espaço fechado, o que torna o Cinema Paradiso basicamente um reflexo das relações que já ocorrem normalmente do lado de fora de suas portas, ou seja, é, de fato, um espaço social. Por isso, para resgatar essas experiências, hoje já um tanto raras, compareça à Escola Normal Superior amanhã, 22, às 18h. Contamos com a sua presença!  

quinta-feira, 15 de março de 2012

Cinema, Amor e Protesto

Após nossa estreia de 2012 na última quinta-feira com o clássico Cantando na Chuva, damos prosseguimento ao ciclo do metacinema com uma produção de 2003 do diretor italiano Bernardo Bertolucci. Trata-se de Os Sonhadores (The Dreamers), roteiro de Gilbert Adair baseado em seu próprio romance Os Inocentes Sagrados. O longa apresenta uma relação com o cinema distinta daquela presente em Cantando na Chuva. Este reflete sobre a sétima arte de um ponto de vista mais histórico - a passagem do cinema mudo para o falado -, já aquele se concentra na magia e na apreciação que ela causa em seus espectadores.

Os Sonhadores se passa na conturbada Paris do final da década de 1960, onde Matthew, um jovem intercambista americano, resolve passar um tempo para aprender a língua francesa. Um de seus hobbies na capital é ir ao cinema, à famosa Cinémathèque Française, na qual ele acaba por conhecer os gêmeos Isabelle e Théo, com quem pode dividir toda sua admiração pelos filmes. Concomitantemente, os protestos estudantis de 1968 em Paris ganham maior intensidade, mas a ligação entre os três torna-se tão forte que estes acabam se fechando para o mundo enquanto vivem sua estranha, e por vezes doentia, amizade.

O longa, através de seus protagonistas, apresenta uma relação muito íntima e apaixonada pelo cinema. Perpassada em vários momentos por recortes de filmes clássicos, a trama nos revela a paixão rebelde de três jovens que vivem o cinema e o trazem para suas vidas como forma máxima de expressão. Há uma fetichização da arte no sentido de que os  três se regozijam nos jogos sexuais de que brincam em torno dos filmes. Ao mesmo tempo, essa obsessão acaba tendo o efeito de afastá-los da realidade tumultuada dos protestos e das lutas sociais que ocorrem imediatamente do lado de fora do mundo praticamente hermético que eles criaram para si.

Dessa forma, Os Sonhadores também nos remete à alienação juvenil ao mesmo tempo inocente, romântica e rebelde. O desejo agudo de desvirtuar os valores tradicionais acaba por alienar uma juventude que se resguarda no ideal recriado das artes. Esquece-se, portanto, que as artes, mesmo sendo um fingimento, são em última instância uma ressignificação do real, uma recriação artística que fala o que a ciência não revela em seu pragmatismo. É claro que os protagonistas realizam uma ruptura, mas os detalhes serão revelados hoje, às 18h, na Sala Maria de Nazareth Xavier, na Escola Normal Superior, com a exibição na íntegra de Os Sonhadores de Bernardo Bertolucci. Não perca!

quarta-feira, 7 de março de 2012

Estreando com um Clássico

O projeto Cine Vídeo UEA - Cosme Alves Netto tem amanhã sua grande estreia no ano de 2012. Iniciaremos mais um semestre letivo com o intuito de divulgar mais amplamente nossa iniciativa e não só enriquecer a rotina acadêmica dos alunos da UEA, mas também colocar à disposição do público em geral grandes produções culturais. Portanto, nossa proposta para este mês de março é o ciclo do metacinema, ou seja, filmes que tratem da própria sétima arte, e o primeiro deles é o clássico dos musicais Cantando na Chuva, de 1952.

Dirigido por Stanley Donen e Gene Kelly (também coreógrafo e ator), o longa nos remete a uma importante era do cinema hollywoodiano. Don Lockwood (Kelly) e Lina Lamont (Jean Hagen) são grandes estrelas de filmes mudos e se deparam com um novo desafio quando a indústria cinematográfica é tomada pelo sucesso dos filmes falados. Seu mais novo longa, no entanto, passa por uma série de problemas, entre eles, a voz irritante da atriz. A única solução encontrada é, portanto, contratar a jovem aspirante Kathy Selden (Debbie Reynolds) para dublar a famosa Lina Lamont, e, de repente, uma produção que parecia fadada ao fracasso adquire grande potencial.

Cantando na Chuva, considerado pelos críticos um dos melhores musicais já feitos, transborda com a riqueza de uma produção bem feita, equilibrando perfeitamente a comédia, o romance e divertidos números de dança. Seu roteiro inteligente carrega todo o bom humor inocente e esperto da era de ouro de Hollywood, principalmente na personagem Cosmo Brown, interpretada pelo também sapateador Donald O'Connor. Quanto ao romance de Lockwood e Selden, pode-se dizer que nossas comédias românticas mais recentes ainda ecoam muito sua simplicidade e deslumbramento. Já as grandiosas sequências de sapateado, na maioria das vezes protagonizada por Kelly e O'Connor, são um prato cheio para os mais tradicionais, já que os musicais mais contemporâneos dão preferência a outros estilos. Aliás, esse é um dos principais apelos de um filme produzido já há sessenta anos: revisitar formas passadas de se fazer cinema.


Diante disso, este ano, as premiações de O Artista, eleito pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas o melhor filme da edição de 2012, parecem estar em consonância com esse sentimento saudosista. Mesmo no  século XXI, no qual houve uma explosão do cinema 3D e do aprimoramento técnico da indústria, ainda cabe, portanto, um olhar para o passado e filmes como O Artista podem ser premiados com um Oscar de melhor filme ao lado de produções mais do que atuais como Crash - No Limite e Guerra ao Terror. Assim, venha também relembrar o passado dessa arte que já nos deslumbra há mais de um século e compareça à Sala Maria de Nazareth Xavier, na Escola Normal Superior, amanhã às 18h para prestigiar o clássico Cantando Na Chuva.

sábado, 3 de março de 2012

O cinema no espelho

Após um recesso bimestral, o Cine Vídeo UEA - Cosme Alves Netto traz consigo uma boa notícia, um visual novo e uma proposta interessante!

A boa notícia é que o Cine Vídeo UEA foi um dos projetos aprovados no Programa Institucional de Extensão pelo Edital 113/2011 GR/UEA; com essa aprovação, o projeto ganha bolsistas de dedicação exclusiva, adquire melhores equipamentos e realiza uma maior integração universidade-comunidade. Para conhecer outros projetos, clique aqui.

Além disso, com a reformulação do layout, agora nosso blog disponibiliza também a programação do mês e a ficha técnica dos filmes, bem como as clássicas resenhas dos filmes exibidos.

Por sua vez, a proposta para esse mês de março é o Ciclo de Metacinema. E o que é o metacinema? Em poucas palavras, o metacinema (ou metafilme) é aquele que busca refletir a si próprio, propondo uma discussão da sétima arte, desde aspectos mais técnicos até os mais criativos. Portanto, com o objetivo de despertar a atenção dos espectadores para elementos mais específicos da arte de se fazer filmes, iniciaremos este ciclo na próxima quinta-feira, dia 08/03, às 18h, com um grande clássico dos musicais hollywoodianos: Cantando Na Chuva, dos diretores Gene Kelly e Stanley Donen. Não perca!