quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Ralo Abaixo

Primeiramente gostaríamos de agradecer a presença de vocês na nossa sessão de estreia na última quinta-feira, 6, no auditório da Escola Normal Superior. Esperamos que tenham gostado do curta Revivendo Cosme e do longa O Beijo da Mulher Aranha. Nossa programação de outubro já foi fechada e é com grande entusiasmo que anunciamos que às 17h de hoje, 13, exibiremos a aclamada obra do diretor brasileiro Heitor Dhalia, O Cheiro do Ralo, protagonizada por Selton Mello e vencedora de prêmios internacionais.

O filme nos conta a história de Lourenço, dono de um negócio que compra objetos de pessoas com problemas financeiros. Extremamente egocêntrico em todas as suas relações, o protagonista, supostamente influenciado pelo cheiro do ralo de seu banheiro, passa da frieza com que trata seus clientes à diversão de tirar proveito dos mesmos. Lourenço, no entanto, é pego de surpresa quando começa a perder o controle sobre aqueles que explora e de repente aquilo que lhe dava prazer pode acabar selando seu destino.

Apesar de tratar de temas mais sérios, como exploração sexual e desumanização, o longa também nos proporciona momentos de humor. O protagonista, em seus devaneios diários, não se demonstra muito politicamente correto e suas opiniões e sonhos excêntricos acabam despertando uma certa empatia no público devido à estranheza de seus atos. Em contrapartida, através de atitudes moralmente questionáveis, a personagem desenvolve também uma das funções principais da obra: estimular o pensamento dos espectadores quanto às relações de poder no nosso dia-a-dia e até que ponto elas podem nos influenciar. Nesse sentido, alternando entre o cômico e o imoral, a interpretação de Selton Mello é vital para a realização da obra e ele a faz de forma brilhante.


Em última instância, O Cheiro do Ralo nos convida a uma análise do nosso lado mais obscuro e perverso, de como ele faz parte da nossa natureza. A alegoria do ralo, dessa forma, desempenha uma função instigadora. Através dela, percebemos como podemos ser influenciados por nossos pensamentos mais egoístas e negativos e de que maneira alteramos nossa realidade à medida que damos ouvidos a eles. Ao ceder à influência do “cheiro do ralo”, acabamos tendo que pagar o preço das conseqüências, as quais podem ser muito diferentes das que tínhamos em mente, como foi muito bem mostrado na obra de Heitor Dhalia. Exibiremos, portanto, uma obra que foge bastante dos padrões temáticos mais recorrentes no cinema nacional e que, por isso, merece igual destaque. Assim, reiteramos nosso convite e contamos com a sua presença hoje às 17h no auditório da Escola Normal Superior.
"O poder é afrodisíaco. O cheiro me dá poder, o cheiro e o olho"

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